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Corpo, vida, medo e recuperação

Somente quem já passou pelo fio da navalha e se deitou em uma mesa cirúrgica, sabe o que é aquele frio gélido que percorre a espinha e nos deixa completamente atônitos diante da possibilidade de apagar com uma anestesia e não voltar, acordando sabe-se Deus onde! Acordar de uma anestesia geral. Falar bobagens inimagináveis diante de amigos e familiares que estão ali para recebê-lo depois de horas de nervosismo. Acordar completamente grogue e declarar amor ao cachorro da amiga, por exemplo, é uma das coisas que se faz quando o seu inconsciente está liberado. Preocupações diversas, que geralmente estão nos escaninhos da mente, saem e dão uma volta bem à vontade nas falas da consciência. Mas a experiência que mais me aterroriza, quando sofro intervenções cirúrgicas, e já sofri algumas nessa vida, é aquela em que eu não sou dona do meu corpo. Quando eu sei que quero fazer algo e ele simplesmente não responde, porque se encontra limitado, mesmo que momentaneamente. O medo dura

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