Ponto de partida!
Tudo começou com um olhar. Você
se sentou ao meu lado e olhou para mim. O reconhecimento de nossos olhos, por
instantes me fez rubrecer. Você olhou para baixo, em um gesto tipicamente seu,
de homem tímido, que ao perceber que foi flagrado abaixa o olhar.
Sorri tímida e você retribuiu.
Nascia ali uma paixão que seria incontrolável. Um fogo que arderia por muitos
anos dentro do peito e que percorreria as nossas veias, alastrando em nós o
vírus incurável do amor.
Sim, nascia naquele sorriso, um
laço, não um nó, mas um laço bem feito, bonito, forte e duradouro de amizade,
companheirismo, carinho, preocupação e dedicação de um com o outro, não
importando nada nem ninguém. Apenas a cumplicidade de nós dois.
Para nós haveria de ser apenas
rosas. Rosas sem espinhos e se, por ventura, alguma rosa brotasse em nosso
jardim com algum espinho, seria apenas um percalço da natureza, que logo, logo,
mostrar-nos-ia o quão importante é ter cuidado para lidar com nosso jardim,
lembrando-nos que ele é delicado e frágil, como qualquer outro. E que
precisaria, sem dúvida, de cultivo permanente.
Sim, nós sabíamos disso. Por
isso, sempre estaríamos atentos a qualquer vento inesperado ou chuva intensa, os
quais pudessem abalar aquilo que plantamos e cultivamos desde o primeiro olhar,
o primeiro sorriso, o primeiro olá!
Estarmos juntos não foi um acaso,
nem um acidente de percurso. Estarmos juntos foi, é e sempre será um plano dos
deuses do Olimpo, que resolveram conceder a nós, simples e reles mortais, o
amor eterno, para que pudéssemos ser o exemplo aos demais, que o tempo não
impede o amor; a experiência ou inexperiência não impede o amor; que o saber e
o aprender não impedem o amor, por não serem distantes; que as diferenças de
opinião e de atitudes, não impedem o amor, porque a individualidade é que faz
apaixonar; que por mais que todas as coisas pareçam contrárias, nada disso
impede o amor quando tem que acontecer.
Não, não impede...
O que pode impedir o amor é a
falsidade, a mesmice, a falta de interesse pelo outro, o ledo engano de achar
que uma das partes domina e que pode continuar a comandar; o que impede que o
amor aconteça é o desrespeito; a covardia de dizer que já não se pode viver ou
conviver mais e não se expõe tal desejo; o que realmente impede o amor é não
ter a coragem de assumir que se quer viver tudo com quem se ama, por medo de
rejeição.
O que impede o amor é não abraçar
quando se quer, é não ligar quando se deseja, é não dizer aquilo que se pensa,
é não se declarar apaixonado insanamente, quando já se está doente de amor, é
frear o pensamento, quando este já não tem mais nexo nenhum; é procurar se encontrar,
quando se perdeu em olhares mútuos; é tentar racionalizar aquilo que o racional
não dá conta, porque somente o corpo quer a alma precisa e o espírito deseja...
O que impede o amor é não amar
apenas.
Então, eu pergunto: o que nos
impede?
Dedico esse texto à você, que é
uma parte grande do todo no tudo que há em mim.
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