Saciar a sede

Relata-nos um conto oriental que, certa vez, um homem procurava avidamente água no deserto para saciar a sua sede. Depois de muito caminhar e já bastante cansado, julga ter encontrado um riacho. Mas, ao saltar para a água, encontra apenas areia abrasadora!
         Volta a caminhar quilômetros e quilômetros. A sua sede e fadiga aumentam consideravelmente. Novamente, ao longe, vislumbra um rio poderoso e largo. Já se imaginava a mergulhar naquele líquido abençoado. Mas, de novo, encontra areia escaldante!
          E, sem desanimar, lança-se novamente no deserto.
       No dia seguinte, ao amanhecer, é surpreendido por uma brisa fresca... úmida. À distância parece ver um vasto mar, que brilha já nos seus olhos. A água é salgada... amarga, mas é água! Ansioso por mergulhar naquelas ondas, logo percebe que se trata apenas de lama!...
     O caminhante, desta vez, detém-se. E imagina já a sua pobre mãe, o quanto sofrerá quando souber da sua mais que certa morte. Entretanto resvalam abundantes lágrimas para as suas mãos em forma de concha, o que lhe permite saciar a sua sede!
        Algo semelhante acontece com todos nós. Às vezes, depois de tentarmos, em vão, saciar a nossa sede, em tantas fontes enganosas, descobrimos, finalmente, nas lágrimas da contrição e do arrependimento pelos nossos erros a água que pode saciar a nossa sede.
        O texto foi retirado de um revista mensal chamada Cruzada, de fevereiro de 2013. Mas a pergunta que ficou para mim no momento em que li esse conto foi: Tenho sede de quê? Por que busco tanto nos lugares errados e ainda insisto em querer chegar no oceano enganoso do mundo?
           Eu creio. Eu aprendi nessa reflexão que eu creio. É por isso que eu insisto, é por isso que eu acredito que o oceano real, maravilhoso de águas refrescas e cristalinas vai chegar, para que eu possa me banhar nas águas tranquilas. Eu creio que em algum momento, eu hei de achar o oásis no meio desse deserto e poderei enfim saciar a minha sede.




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