Medo de ser feliz


Todos nós, homens e mulheres, idealizamos de alguma forma uma felicidade que é impossível de alcançar do modo como a desejamos. Alguns sonham com bens financeiros exorbitantes, outros com fama, há aqueles que sonham com algo “menor”, mas não menos importante que seria o amor perfeito, no qual o homem ou a mulher ideal está para além das potencialidades humanas: corpos esculturais, caráter ilibado, personalidade forte, charmoso (a), atraente, sexy, máquinas incansáveis de sexo e prazer, ou seja, tudo e mais alguma coisa.
E porque não conseguimos? Porque somos tão infelizes? Simples.
Porque simplesmente buscamos o impossível, buscamos sonhos e não realidades, nós queremos o que vimos nas construções ilusórias das capas de revistas, das imagens de TV e de cinema. Na verdade, o que queremos e buscamos é uma vida “fake”, como diriam os norte americanos.
Mas seria tão ruim assim, sonhar um pouco? Não, não seria de forma alguma. O sonho e o desejo sempre fizeram parte dos sentimentos humanos, muitas vezes, eles são transformados em ambições, que levam o Homem a lutar e despertar dentro de si a força necessária para vencer barreiras e chegar ao ponto final: ao podium maior como vencedor.
Então, porque temos tanto medo de ser feliz? E quando a felicidade bate a nossa porta e simplesmente não estamos preparados para aceita-la deixando-a passar? Porque somos tão imaturos a ponto de desperdiçar talvez a única ou quem sabe a última oportunidade de ser realmente feliz?
Estas são respostas que ficam pulsando na minha cabeça todas as vezes que eu sinto que poderia ser feliz. Será que já não sou? Mas apenas não reconheço? Será que já não tenho o que me basta ou o que mereço?
Não estou deprimida, não estou pessimista, não estou negativista. Apenas reflexiva. Vi hoje no chão de uma galeria entre ruas movimentadas na cidade, um homem jovem caído, parecendo dormir em um sono profundo. Estaria bêbado? Drogado? Com fome? Morto? Não sei, ninguém que passou naquele momento sabe. Nenhum de nós parou, se dignou a perguntar alguma coisa, se alguém se preocupou não sei, não vi nada ostensivo.
Vi, me doeu, mas o medo paralisa as pessoas, me paralisou também. E do que adianta ser feliz, quando ainda encontramos esse tipo de miséria humana? Obviamente que muitos já se questionaram isso, pessoas mais importantes, mais influentes, mais famosas, mais populares, mais ricas, mais caridosas, mais cristãs talvez.
Entretanto, cada pessoa tem seu momento de “insight”, cada indivíduo tem o seu momento de reflexão e de percepção. Talvez tenha chegado o meu, quem sabe? Não sei, apenas pensando...
E como respondi ainda outro dia a uma conhecida no shopping: “ando perdida por aí!”
 E depois quando me questionaram em particular: “Porque você acha que está perdida por aí?”
E eu simplesmente respondi, que enquanto me sentir perdida é um ótimo sinal, porque sei que viver ainda vale à pena, já que viver para mim é uma eterna busca.
Eu sei que ando mais perdida em mim mesma do que na vida, porque me busco a cada momento e cada um destes momentos, encontro uma pessoa diferente.
Sim, tenho muito medo de ser feliz. E você?



Comentários

  1. Andar perdida por aí é uma ótima opção, desde que se encontre depois...descobrir um pouco de si já é o primeiro passo para a tal sonhada FELICIDADE!


    bjOOO

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  2. Encontrei-me muito nesse texto, teacher! Obrigada pela postagem, 'truly'!

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  3. Well well well, pena que poucas pessoas andam lendo e postando comentários, mas se vc, Ana já se encontrou no texto, já é um bom sinal. Pelo menos sei que atingiu algum objetivo nao é mesmo?
    Beijos, saudades.

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  4. Lindinha Cris,
    é verdade que algumas vezes ando meio perdida, mas normalmente me acho e aí, filha, é que mora o perigo! rsrsrsrsrs

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