Distância

Eu realmente acho incrível como nós nos ligamos às pessoas de forma tão íntima, quando nem sempre convivemos com elas diariamente. Quantas vezes, me pergunto o porquê de eu me sentir ligada a amigos, parentes que vivem distante, alunos ou simplesmente pessoas com quem encontramos uma ou duas vezes em uma festa ou evento, mas que simplesmente sentimos simpatia, algum tipo de afeição, que nem mesmo sabemos de onde vem aquele sentimento de carinho.
Normalmente não se tem o hábito de falar abertamente sobre os sentimentos, porque de alguma forma, o ser humano se fecha em um casulo quase impenetrável.
As pessoas não gostam de se expor, porque, em geral, têm medo de sofrer. Concordo, até certo ponto, mas também não precisamos ser tão insensíveis, dizer coisas, as quais nós venhamos a nos arrepender mais tarde, não precisamos de forma alguma nos tornar seres tão distantes uns dos outros, a ponto de nos próprios clãs familiares, os parentes não se encontram, não convivem e, a meu ver, o que é pior de tudo, não dialogam.
Eu gostaria muito de saber, o que leva a nós, seres humanos mortais, que não temos como viver isolados e não somos nem sequer auto-suficientes de forma nenhuma, porque aquele que pensa o contrário, está mesmo equivocado na vida, não termos um pouco mais de humildade e aceitarmos conviver com as diferenças, com os desejos e, sobretudo, com as limitações do outro?
Eu ainda não consegui entender, no auge dos meus trinta e oito anos, porque homens e mulheres insistem em manter essa posição de distanciamento e essa soberba de que não se precisa de ninguém.
Na verdade, as uniões e as amizades atuais vêm se estabelecendo pela conduta do interesse, o que mais uma vez, na minha humilde opinião, me choca profundamente.
E então, dentro dessas reflexões consideradas tão comuns eu me questiono: como e porque alguém que se conhece por um acaso, de forma tão inusitada, passa a ter uma importância na sua vida, como alguém, que aparentemente, seria impossível você conhecer, por ser de nacionalidade diferente da sua e, principalmente, porque não está tão perto do seu país e que teoricamente, não é tão acessível assim, passa de repente a estar ligado a você por meio da tecnologia.

Não acho que a tela de um computador diminua a saudade e nem muito menos substitua a presença física e a necessidade do toque das mãos, do abraço gostoso, do beijo carinhoso, do olhar terno e meigo. Não, honestamente, não creio nisso, mas sou obrigada a aceitar que ajuda a manter o coração sereno de certa forma.
A vida moderna, de um modo geral, é estressante, conturbada, cansativa, entretanto, é inegável, que ela também trouxe alguns pontos positivos, os quais não podemos reclamar. Afinal, toda a parafernália da tecnologia, nos deixa cada dia mais perto daqueles que estão longe e ao mesmo tempo longe daqueles que estão tão perto. O ser humano cria armadilhas para si mesmo, não é incrível isso?!
A armadilha criada por mim para mim mesma, é aquela tão velha quanto a existência do mundo, a de querer aquilo que não se tem, de querer viver longe de onde estou agora, de ter o meu querido, quando na verdade, nesse exato momento, eu não posso estar com ele e nem ele comigo, a não ser é claro que me mude para o outro lado do planeta! Enfim, enquanto todas essas coisas me perturbam as idéias e me fazem refletir, eu faço uso da tecnologia para me salvar da saudade e enganar um pouco o meu coração, tendo apenas um gostinho de quero mais, muito mais!

Meu abraço carinhoso tanto para aqueles que estão perto quanto para aqueles que estão longe!

Comentários

  1. Engraçado, ambos os textos me identifiquei sabe. Não gostava muito de ler, mas depois fui aprofundando tanto no conhecimento cientifico como em outras literaturas. Fiquei fã do Dan Brawn, Agatha Christe pq a leitura me prendia em um mundo onde tudo é possível. Na questão da distância é que depois da internet a "distância" não existe mais. bjokas parabéns pelos textos.. maravilhosos.

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  2. Eu se fosse tu ia passar uns tempos do lado de lá!!! Se joga mulher!!!!

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  3. Nivia, é interessante você escrever que também passa pelo mesmo processo, porque assim como eu, você também tem uma profissão que exige muita leitura técnica e concentração. Mas, de vez enquando, é muito bom ler por puro prazer sem a preocupação de ter que atingir o "nirvana" intelectual. Apenas ler e gostar de ler. Simples assim, mas gostoso abessa.

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